terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Teatro do Oprimido



Apresentação da Inauguração da Sede do Projeto Giração dez/08
Teatro-Verdade
Atuadores da Oficina de Teatro Popular do Projeto Giração
O público vibrando com apresentação conjunta do teatro e percussão.

A primeira técnica do teatro do oprimido foi aplicada em São Paulo, em 1970, no Núcleo 2 do Teatro de Arena, com o teatro-jornal: em meio a opressão que sufocava o país , dramatizavam-se noticias jornalísticas, em meritório exercício de liberdade.
Ao conceituar o teatro invisível, uma das técnicas do teatro do oprimido, Augusto Boal afirma que ele “procura ordenar a realidade, torna-la cognoscível, inteligível perceptível nas suas razões mais profundas, e não apenas na sua aparência – ao contrario do do happening, que procura apenas deslanchar uma incontrolável e muitas vezes sem objetivo definido e sem aplicação própria ”(Ver Augusto Boal, stop: c’est magique!, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1980, p.120).
Seus propósitos fundamentais assemelham-se aos do teatro-imagem e do teatro-foro, por ele também desenvolvidos: “1º transformar o espectador em protagonista da ação dramática , o objeto em sujeito, a vitima em agente, o morto em vivo, o consumidor em produtor; 2º através dessa transformação, ajudar o espectador a preparar ações reais que conduzam á própria liberação, pois a liberação do oprimido será obra do próprio oprimido, jamais será outorgada por seu opressor” (p.83).
Um grupo ensaiado desencadeia uma ação que, não se apresentando como teatro, estimula a participação dos circunstantes, levando-os a figurar nela na qualidade de verdadeiros agentes. Processa-se inicialmente a conscientização de um problema, e parte-se daí para modificar a realidade opressora.
O empenho de Boal é de sistematizar o teatro do oprimido, feito inédito até então. O trabalho do mestre é valoroso e reconhecido em todo mundo. A partir do Centro de Estudos e Difusão de Técnicas Ativas de Expressão, sediado em Paris Boal “contaminou” o mundo com as técnicas teatrais de inclusão. Um bom livro para a maior compreensão do teatro do oprimido, teatro-foro, teatro-jornal e demais técnicas é o Técnicas Latino Americanas de Teatro Popular.
Grupos atuando à margem do sistema convencional de produção são treinados orientados e inspirados pelas técnicas de Boal, existem diversos grupos do Brasil que se destacam nessa área. Pernambuco, Goiás, Sergipe e Bahia se destacam pelos festivais de teatro popular. Em media são mais de cem grupos por apresentação, e por todos os lados os grupos divulgam e instruem os estudantes, trabalhadores, velhos, crianças, homossexuais, adolescentes, meninos e meninas de rua, presos, sindicalizados e todos os excluídos de alguma forma ou maneira. E os espetáculos não deixam de ser bonitos ou surpreendentes, a técnica da mais simples ou da mais rebuscada, transforma o publico em escritor, autor, ator, e critico, ativo do processo teatral.

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